
Amo ser sozinha,
e a solidão vive comigo
me faz sentir quem eu sou
Lágrimas negras e frias
escorrem em minha face,
num sofrimento fatal
que transita nas minhas veias
fazendo de mim, imortal
Meu coração, que é de pedra,
não sente os punhais em meu peito
nem sangra aos golpes do mal
Gritos desesperados
Soluços de angústia
Gemidos de dor
são música celestial
e as mulheres que amei
estão mortas
vagando no vale infernal
Correntes se arrastam no sótão
Espectros vagam nos corredores
Vultos perversos vigiam a noite
Pesadelos, sinistros, terrores
num sono profundo
me vejo no vale das sombras
na proa de um barco
que desliza contra o fluxo das águas
na noite mais escura do mundo
Me vejo a caminho
de um porto fantasma
E minhas lágrimas negras,
Como negras são as águas do rio,
Tocam em carícia gelada
O rosto lívido de meu amado.