sexta-feira, 16 de abril de 2010

VAMPÍRICA


Eis que doze badaladas
Torpes ecoam ao relento
Escorrem dos pulsos sangue
E espalham o perfume aos ventos
Ouço passadas pausadas
Dos males, ecoam risadas
Das presas: suplícios, lamentos!

Lançar-me-ei em desespero
E me arrasto em escadarias
Ao vencer os degraus, venço o medo
Murmuram meus lábios, apelo
Dos anjos, poupar minha agonia
- Mas mortal ‘inda padeço
entre a luxúria e a perfídia!

É macabra tua beleza
Banhada em luar e trevas
São flores de meu calvário
As rosas de tua lapela
São restos de meu passado
Preços dos mais vis pecados
A razão de minha entrega!

Não tenho força ao fugir
As mãos já sinto dormente
O ar me some do peito
Qual sangue a verter tão quente
E na madrugada silente
O grito de dor derradeiro
Cortando minha carne em teus dentes!

Eu não vejo entre os espelhos
Teu corpo sem pulsação
A envolver-me em tua capa
Me deitando em teu caixão
O ar parece desprezo
A vida não me habita o peito
- É teu beijo minha respiração!

Nenhum comentário:

Postar um comentário